CIÊNCIA FORENSE MODERNA
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No passado, as autoridades tinham de confiar nas impressões digitais, testemunhas oculares e, ocasionalmente, na necessidade do culpado confessar o crime: Contudo, nos tempos que correm, a ciência forense tem feito extraordinários progressos com a tão esperada chegada das análises de ADN e técnicas de identificação de vestígios que forneceram aos investigadores ferramentas, ao que parece, infalíveis no que diz respeito à identificação dos culpados e pô-los atrás das grades.
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OS BIÓLOGOS FORENSES examinam vestígios humanos como o sangue, o cabelo e a saliva. OS QUÍMICOS FORENSE analisam resíduos químicos à procura de vestígios de drogas, explosivas, tinta, entre outros. OS ANTROPÓLOGOS forenses podem calcular o sexo, a idade, e a identidade de uma pessoa através dos seus ossos e existem também METEOROLOGISTAS FORENSES podem fornecer pistas cruciais relacionadas com o estado do tempo no local do crime a uma dada hora ou dia.
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VOU DAR EXEMPLO NOTÁVEL:
Temos um carro que contém vestígios de lama do local ou que tenha sido encontrado na garagem do suspeito repleto de pingos de chuva, apesar de não chover no seu bairro há vários dias, mas choveu a quilómetros de distância no local do crime.
VOU RETROCEDER UM POUCO NA HISTORIA PARA PODERMOS PERCEBER A IMPORTANCIA DOS FACTOS
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A MORTE DE LADY MAZEL
Apesar de a ciência forense se estar a desenvolver, ainda existe certo cinismo e a teimosia continuaram a infernizar as investigações criminais por alguns cépticos.
No início do século XVI a aristocrata parisiense Lady Mazel, foi esfaqueada até a morte na sua cama, deixando um imenso rol de pistas por onde escolher, as autoridades revelaram uma alarmante falta de imaginação que acabou por levar à falsa detenção e morte de um homem inocente.
Os criados foram forçados a arrombar a porta do quarto, pois não obtinham qualquer resposta de Lady Manzel. O seu cofre tinha sido pilhado e um relógio de ouro também tinha desaparecido, mas o curioso deste crime, que a porta do seu quarto possuía uma fechadura de mola que trancava automaticamente a partir do interior para que ninguém pudesse entrar no quarto durante a noite. Uma navalha de mola foi recuperada na lareira, uma gravata de tecido barato e um guardanapo abandonado foram encontrados no meio dos lençóis em desordem. O guardanapo estava dobrado de modo a formar um barrete de dormir temporário. Partindo do pressuposto que podia pertencer ao atacante, pediram a todos os criados que experimentassem até que descobriram que pertencia ao criado do quarto de Lady Mazel, um homem chamado LE BRUN. Mais tarde veio-se descobrir que a gravata pertencia a um criado chamado BERRY que tinha sido dispensado sem grandes formalidades, mas esse facto foi ignorado por pensarem ser irrelevante. Como LE BRUN o criado de Lady Mazel não tinha quaisquer manchas de sangue nas suas roupas que o pudessem incriminar, partiu-se do princípio que ele teria deixado um cúmplice entrar pela porta da cozinha para depois entrar no quarto de Lady Manzel, usando uma chave-mestra que se sabia que possuía. Uma busca mais exaustiva à casa levou à descoberta de uma camisa de dormir manchada de sangue no sótão que, inconvenientemente, não servia ao suspeito. Não obstante, o desafortunado LE BRUN foi torturado e morreu devido aos ferimentos.
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A DESCOBERTA DO VERDADEIRO ASSASSINO
No mês seguinte, o criado antigo BERRY, que foi dispensado dos serviços da casa de Lady Mazel, foi preso nas proximidades a respeito de outro crime, mas nada relacionado com o caso de Lady Mazel e veio-se a descobrir na revista sumária e pessoal trazia um relógio de ouro no pulso. Confessou abertamente o homicídio de Lady Mazel, descreveu como tinha conseguido entrar em casa sem ninguém percebesse e como se tinha escondido no sótão, onde vivia há vários dias e se alimentava de pão e maças. Esperou certo dia que criadagem saísse para a missa de domingo para sair do seu esconderijo e meter-se debaixo da cama de Lady Mazel até esta se retirar para dormir. Por qualquer motivo, sentiu necessidade de fazer barrete improvisado a partir de um guardanapo, que acabou por cair durante a luta que teve com Lady Mazel quando esta acordou e o apanhou a mexer no seu cofre. Depois de a esfaquear, escondeu a camisa de noite ensanguentada no sótão, para não ser apanhado com ela. Os erros das autoridades, tivessem feito uma busca mais cuidada e minuciosa ao sótão, podiam ter encontrado alguns caroços de maça e migalhas que, juntamente com barrete e a camisa de dormir ensanguentada, teriam confirmado a presença de um intruso que ali pernoitava. O criado de quarto não teria qualquer necessidade de utilizar um barrete para uso temporário, muito menos uma gravata de tecido barato, e até a mera sugestão de um criado dispensado dosa seus deveres devia ter causado suspeita e sido investigado como qualquer outro.
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Tais acidentes demostram que aqueles que investigam o crime e administram a justiça devem estar atentos a todos os factos e possibilidades que estes apresentam, e não seleccionar apenas aqueles que corroboram a sua própria teoria. Somente aplicação da ciência forense não basta para assegurar que os culpados sejam sempre identificados e os inocentes ilibados de culpa.